A competição é um dos instintos primitivos de sobrevivência do ser
humano que aflora em nós a todo o momento, é uma parte de nossa natureza que
mantém vivo e pulsante o Capitalismo dentro de cada um de nós. Futebol,
eleições e qualquer forma de disputa são, portanto, importantes ferramentas de
manutenção do sistema opressor em que vivemos. Onde existem vencedores e
derrotados não pode existir socialismo, pois uma das bases desse é a
cooperação, a ajuda mútua.
Competição e cooperação são tão antagônicas
quanto Capitalismo e Socialismo, a existência do espírito competitivo dentre
aqueles que afirmam lutar por uma sociedade justa e com mulheres e homens
livres é mais do que uma contradição, chega a ser uma grande hipocrisia. Quando
jogadores ou torcida, candidatos ou eleitores entram em disputa, em seus
cérebros e corrente sanguinea são despejadas milhares de partículas das mais
nocivas enzimas que afetam seus corpos e mentes, são elas que causam e afloram
a mesma raiva que, quando injetada em soldados que vão para o combate,
transforma-os em acéfalos cães de guerra sedentos de sangue.
Como já afirmava Bakunin, aquele que quer o
Estado e não a Liberdade, não deve brincar de revolução. Se olharmos apenas de
forma prática as coisas logo estaremos erguendo muros onde deveríamos estar
construindo pontes; sob hipótese alguma alguém que busca uma sociedade fraterna
e solidária pode acreditar que seus meios justificam tais fins. Jamais devemos
esquecer de que para um socialista de verdade seus meios são seus fins e seus
fins são seus meios e o que nos norteia deve, ser sempre nossos princípios.
Princípios esses que, diferente dos princípios capitalistas que surgem dos
instintos individualistas do ser humano, nascem de nossos instintos
coletivistas de sobrevivência como a ajuda mútua.