Não importa se só tocam o primeiro acorde da canção. A gente escreve o resto em linhas tortas, nas portas da perseguição. Em paredes de banheiro ou nas folhas que o outono leva ao chão. Em livros de história seremos a memória dos dias que virão. Se é que eles virão...

Não importa se só tocam o primeiro verso da canção. A gente escreve o resto sem muita pressa, com muita precisão. Nos interessa o que não foi impresso e continua sendo escrito à mão, escrito à luz de velas, quase na escuridão. Longe da multidão...

(Humberto Gessinger - Exército de Um Homem Só)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

NÃO ME LEMBRO DE TER COMIDO ISSO

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Quando comecei hoje cedo (às onze e meia da manhã) meu ritual diário e compulsivo de ficar na frente do computador logo notei algo estranho em minha “máquina”. A tecla “shift” estava trancando. Acabei não usando ela, pois não fazia nenhum texto importante que necessitasse de alguma revisão ou coisa do tipo. Mas depois de descobrir que do outro lado do teclado tinha outra tecla “shift” (que mesmo assim não ajudou muito por ser meio na “contramão” – sem falar que sou avesso a mudanças) resolvi dar aquela limpada no meu teclado.
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Confesso que não tenho muito o habito de fazer esse ritual em meu PC, na verdade acredito piamente que ele tem vida própria e parece ser bem mais inteligente que eu, portanto capaz de cuidar de sua própria higiene pessoal. Acho que todos conhecem esse procedimento (imagino que eu não seja o único a fazer desjejum em frente ao computador) que consiste basicamente em segurar o teclado de cabeça para baixo e dar pequenas pancadas nas suas costas. Sempre recomendo colocar um jornal no chão para ficar mais fácil de limpar e, caso você tenha um cachorro, ele possa se deliciar mais tranquilamente com todas aquelas iguarias que saem Dalí de dentro.
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Nessa limpeza básica de periférico tive um breve histórico da minha alimentação durante, no mínimo, o último mês. Descobri, por exemplo, que não comer mais carne evita que o teclado fique engordurado com presunto e coisas do gênero (há algum tempo atrás tinha descoberto que coca-cola realmente é mesmo um ótimo desengordurante, pois onde ela pingava não havia sinais de gordura), mas, que ando comendo pouca alface e muita ervilha. Outra constatação é que, por incrível que pareça ando comendo pouco salgadinho, minhas reservas de Doritos e Cebolitos estavam bastante baixas (deve ser por isso que meu estômago anda melhor). Achei algumas coisas que não pude identificar, tenho quase certeza que aquele pó marrom era rapadura de amendoim moído e realmente não me lembro de ter comido pizza esse mês.

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Por fim a descoberta mais escatológica foi a de que o que estava prendendo a tecla “shift” era um fio de cabelo, coisa comum em minha antiga máquina de escrever (cujo “reservatório” era bem maior e as alavancas que ligavam as teclas na engrenagem mirabolante daquele fantástico aparelho eram propícias a reterem esse tipo de resíduo humano). Tenho certeza que uma análise mais profunda no meu teclado equivale a um hemograma completo, até acho que os médicos deviam pensar seriamente em substituir aqueles exames de sangue com aquelas seringas invasivas e doloridas por um tecladograma. Quer coisa mais Geração Y que isso?

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PS: Alguém sabe se dá pra lavar um teclado?

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Um comentário:

  1. Oi, Joe... Qta coisa nesse teclado... Tenho até medo de ver o q vai sair do meu. Uma vez fizemos dessa no jornal onde eu trabalhava e saiu erva mate e outras coisas de dar medo. Olha, qto a lavar o teclado, diz q dá. Eu até tentei uma vez, mas ele não voltou a funcionar 100%. Não consegui o contato perfeito das borrachinhas depois de montar, mas ele ficou impecável de limpo...:)

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