Não importa se só tocam o primeiro acorde da canção. A gente escreve o resto em linhas tortas, nas portas da perseguição. Em paredes de banheiro ou nas folhas que o outono leva ao chão. Em livros de história seremos a memória dos dias que virão. Se é que eles virão...

Não importa se só tocam o primeiro verso da canção. A gente escreve o resto sem muita pressa, com muita precisão. Nos interessa o que não foi impresso e continua sendo escrito à mão, escrito à luz de velas, quase na escuridão. Longe da multidão...

(Humberto Gessinger - Exército de Um Homem Só)

segunda-feira, 2 de junho de 2014

PARA O CAPITALISMO O IMPORTANTE É COMPETIR

A competição é um dos instintos primitivos de sobrevivência do ser humano que aflora em nós a todo o momento, é uma parte de nossa natureza que mantém vivo e pulsante o Capitalismo dentro de cada um de nós. Futebol, eleições e qualquer forma de disputa são, portanto, importantes ferramentas de manutenção do sistema opressor em que vivemos. Onde existem vencedores e derrotados não pode existir socialismo, pois uma das bases desse é a cooperação, a ajuda mútua.



Competição e cooperação são tão antagônicas quanto Capitalismo e Socialismo, a existência do espírito competitivo dentre aqueles que afirmam lutar por uma sociedade justa e com mulheres e homens livres é mais do que uma contradição, chega a ser uma grande hipocrisia. Quando jogadores ou torcida, candidatos ou eleitores entram em disputa, em seus cérebros e corrente sanguinea são despejadas milhares de partículas das mais nocivas enzimas que afetam seus corpos e mentes, são elas que causam e afloram a mesma raiva que, quando injetada em soldados que vão para o combate, transforma-os em acéfalos cães de guerra sedentos de sangue.

Como já afirmava Bakunin, aquele que quer o Estado e não a Liberdade, não deve brincar de revolução. Se olharmos apenas de forma prática as coisas logo estaremos erguendo muros onde deveríamos estar construindo pontes; sob hipótese alguma alguém que busca uma sociedade fraterna e solidária pode acreditar que seus meios justificam tais fins. Jamais devemos esquecer de que para um socialista de verdade seus meios são seus fins e seus fins são seus meios e o que nos norteia deve, ser sempre nossos princípios. Princípios esses que, diferente dos princípios capitalistas que surgem dos instintos individualistas do ser humano, nascem de nossos instintos coletivistas de sobrevivência como a ajuda mútua.